#TBT: Vila Real 1999


Igreja do Calvário, Vila Real, Agosto de 1999


Vista para a Igreja de São Pedro, Vila Real, Agosto de 1999

É a capital do distrito de onde é originária metade da minha família, mas só lá fui uma vez, e não nos detivemos muito: uns passeios pelo centro, talvez um gelado. Guardei algumas imagens mentais, poucas; fotografias, ainda menos, e quase todas pessoais, que é como quem diz, com pessoas.
Depois, seguimos para onde nos esperavam: São Martinho de Anta. O passeio teve como fim, após apresentar a casa de Miguel Torga e o monumento de homenagem a Miguel Torga à literata da família, subir à Capela de Nossa Senhora da Azinheira, porque era dia de merenda popular, integrada nas festas da padroeira. Boa comida, boa gente, boas vistas.
Lá de cima, é um deslumbramento, a perder de vista. Lembro-me de o Luís, primo de um primo meu, me ter explicado, com orgulho, que se podia ver até Favaios.
Ora, nesse tempo, era eu bem mais nova e ainda mais ignorante do que sou hoje: para mim, Favaios era moscatel, e o moscatel vinha de Setúbal. Forcei o olhar, mas, por muito que a vista alcançasse, achei que Setúbal era um exagero, que o Luís só podia estar a mangar comigo. Delicadamente, para não o ofender, retorqui que Favaios era capaz de ser um bocadinho longe, que eu, pelo menos, nem conseguia ver o mar. Com a sua bonomia e a paciência de quem está habituado a ouvir todo o tipo de disparates aos forasteiros, mesmo aos mais letrados, lá me explicou que Favaios ficava ali para os lados de Alijó, e que nem só na península de Setúbal se produz moscatel, que o do Douro é bem bom. Ruborizei, encaixei, assimilei.
Lembrei-me deste episódio, no Verão passado, quando, em conversa com o meu primo, lhe perguntei pelo Luís e pela família e fiquei a saber que ele faleceu, há uns anos, ainda tão novo.

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