Space invader


Roma (Itália), Junho de 2014

A arte urbana nunca me chamou muito a atenção. Lembro-me de ter reparado, em 1998, no Rio de Janeiro, nos pichamentos que preenchiam fachadas inteiras, e da repulsa que essa forma de vandalismo me causou.
As primeiras pinturas murais que me despertaram o desejo do disparo creio que foram as que vi, em 2006, no exterior da então Escola Superior, hoje Universidade, de Humanidades e Economia de Łódź, na Polónia. Uma já passou por aqui, as outras ainda passarão. Em 2013, agradei-me de umas pinturas em Lisboa, na zona do Castelo, e do primeiro vidrão decorado que encontrei. Depois disso, a GAU e as câmaras municipais pelo país fora encarregaram-se de não me dar sossego. Mantive-me, porém, muito conservadora nos meus interesses, que restringi quase exclusivamente à pintura.
No entanto, aos poucos, comecei a tropeçar noutras manifestações às quais não sabia como reagir. Lembro-me que, em Nápoles, no ano passado, encontrei muitos autocolantes, aos quais não dei importância nenhuma, e mesmo estêncil, só liguei a um dos muitos com que me cruzei.
Quando, em Julho passado, nos metemos por Alfama, encontrei uma profusão de formas de arte urbana que me levou a investigar e a tentar perceber a diversidade do fenómeno. E, pelo sim, pelo não, fui disparando à minha volta.
Dias mais tarde, nas Avenidas Novas, tropecei nisto:


Lisboa, Julho de 2017

Sem saber como, fiquei com a impressão de que já tinha visto algo parecido, e só semanas depois me lembrei do quê e do onde: em 2014, em Roma, reparei num pormenor colorido, numa parede do outro lado da rua. Como estava demasiado cansada para ir ver o que era, usei o zoom para o agarrar, que, em casa, logo tiraria as dúvidas. Percebi que era uma colagem qualquer, e não pensei mais no caso, até o mosaico lisboeta me ter despertado a atenção, e lá fui eu googlar a coisa.
Pois, a colagem romana era nem mais nem menos que uma das marcas da passagem do Invader pela cidade, em 2010. O mesmíssimo mosaico que aparece aqui. E, afinal, sou eu que tenho andado distraída, que a arte dos píxeis já tem História, que o Invader não tem parado quieto, com muitos outros a seguirem-lhe as pisadas, e que, só por isso, já tenho vontade de voltar a Paris.

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